Na liturgia de hoje, na primeira leitura, apresenta Jacó abençoando seus filhos e, ao falar de Judá, revela algo que ultrapassa a história imediata: de Judá surgirá o rei esperado, aquele diante de quem os povos prestarão homenagem. A imagem do “cetro” e do “bastão de comando” anuncia uma realeza estável, duradoura, que não será tirada até a chegada daquele a quem ela pertence por direito. Na tradição cristã, essa profecia encontra seu cumprimento pleno em Jesus Cristo, o Messias descendente de Judá. Ele não reina pela força, mas pela justiça, pela misericórdia e pela entrega total de si. O texto nos convida a reconhecer que a história da salvação é conduzida por Deus com fidelidade e que Cristo é o Rei que reúne, guia e salva o seu povo. A espiritualidade desse trecho nos chama a algo simples e profundo: acolher o reinado de Cristo em nossa vida, permitindo que Ele ordene nossos passos, ilumine nossas escolhas e nos conduza à verdadeira paz.

No salmo responsorial temos, « Seja bendito o seu nome para sempre! / E que dure como o sol sua memória! / Todos os povos serão nele abençoados, / todas as gentes cantarão o seu louvor! »

No Evangelho, a genealogia apresenta Jesus inserido numa história real, concreta, marcada por luzes e sombras. Ali aparecem patriarcas, reis, estrangeiras, pecadores, pessoas de grande fé e outras de passado turbulento. Nada disso é acidental. Mateus quer mostrar que Deus age dentro da história humana como ela é, e não como gostaríamos que fosse. A presença de figuras improváveis como Tamar, Raab, Rute e Betsabé, revela que Deus não se limita às expectativas humanas. Ele transforma fragilidades em caminhos de graça e faz brotar vida onde parecia haver apenas fracasso. A genealogia inteira converge para Cristo, o cumprimento das promessas feitas a Abraão e Davi, o Messias esperado. No fundo, esse texto nos lembra que a salvação não é improviso, mas fruto de uma longa história de amor. E também nos convida a olhar para a nossa própria vida com esperança: Deus escreve a história da salvação com linhas humanas, inclusive as tortas. Em Cristo, Ele assume nossa história para redimi-la e conduzi-la à plenitude.

Na certeza que a salvação está em Cristo Jesus, nossa Quarta‑feira será vivida com confiança, serenidade e gratidão, porque caminhamos guiados por Aquele que nunca falha e sempre nos sustenta.