Na liturgia de hoje, na primeira leitura, o profeta denuncia uma cidade que perdeu a capacidade de ouvir a Deus. O problema não é a falta de religiosidade, mas a recusa interior: não escuta, não aceita correção, não confia, não se aproxima do Senhor. É um retrato duro e muito atual. Deus promete purificar os lábios dos povos, formar um povo humilde, pobre no sentido bíblico, aquele que reconhece sua dependência de Deus. Esse “resto de Israel” não é um grupo de elite espiritual, mas pessoas que deixaram de confiar em si mesmas para confiar no Senhor. Gente simples, verdadeira, que não usa a fé como aparência, mas como vida.

Onde eu me pareço com a cidade rebelde, e onde Deus está tentando formar em mim esse coração humilde que Ele tanto deseja?
A conversão que Sofonias anuncia não é moralismo; é retorno à confiança, à escuta e à verdade diante de Deus.

No salmo responsorial temos, « Mas ele volta a sua face contra os maus, / para da terra apagar sua lembrança. / Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta / e de todas as angústias os liberta. »

No Evangelho, é colocado diante de nós uma pergunta desconfortável: o que vale mais, falar bonito sobre Deus ou obedecer a Ele na prática?

Jesus conta a história dos dois filhos para mostrar que a verdadeira conversão não está nas palavras, mas na mudança de vida.

O primeiro filho diz “não”, mas depois se arrepende e faz a vontade do pai. O segundo diz “sim”, mas não age. Jesus aplica isso diretamente aos líderes religiosos de seu tempo: gente que falava de Deus, mas não deixava o coração ser transformado. Enquanto isso, publicanos e prostitutas, pessoas consideradas pecadoras, acolhiam a Palavra e mudavam de vida.

Deus olha menos para o que dizemos e mais para o que fazemos.
A conversão verdadeira não é aparência, é decisão diária. É reconhecer quando erramos, voltar atrás e permitir que Deus nos conduza.

Na certeza que Jesus nos purifica, nossa Terça-feira será mais leve, mais verdadeira e cheia da graça que nasce de um coração renovado por Ele.